A FARMÁCIA

















Desconhecido que chegas
não sabes com que ternura te recebo.
Sou a farmácia do teu bairro
e eis que existo para te proteger contra ti mesmo.
Vê como tua vida se entrelaça em mim
no tempo e antes dele:
Desde cedo te assisti, quando
no seio materno eras ainda e apenas
a vida-esperança de teus pais
(Ah! que não te lembras como então dependeste
de mim, e quanto!)
E te forneci a fralda e a chupeta.
Depois, o rolar das noites e dos dias...
Na emboscada, sou hoje a boa samaritana
que possui o unguento para tuas chagas
e o bálsamo para tuas dores.
Em verdade, em verdade te digo – o solo que pisas
não é o chão de uma casa de comércio comum.
Sou o templo iluminado dentro da noite,
o plantão nocturno que vela, que vela, que vela
- enquanto tu dormes – para que durmas melhor.
Confiança. Respeito. Gratidão.
Se é o que sentes por mim, abençoado sejas.

J. Vitalino

Sem comentários:

Enviar um comentário